sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

HIPNOSE

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           Por: FRANÇA, Italys de S. et al. 2010.

           A Hipnose é uma técnica antiga utilizada para tratamento e cura de doenças desde muito tempo. Há anos se desenvolvendo, passa a ser considerada uma técnica reconhecida no meio científico e por esse motivo aplicada em áreas da saúde como Medicina, Odontologia e Psicologia. 
           
-->Segundo a resolução 013/00 de 20 de dezembro de 2000, considerando que a hipnose possui um valor histórico no trabalho do psicólogo, as possibilidades do uso da técnica na terapia e seu avanço, que é uma técnica reconhecida na área da saúde como capaz de contribuir na resolução de problemas psíquicos e físicos e que também é uma técnica reconhecida na comunidade cientifica nacional e internacional, resolve que a hipnose é um recurso auxiliar do trabalho do psicólogo, onde este seja capacitado para desenvolver a técnica, onde o psicólogo não está autorizado a utilizar da técnica como algo sensacionalista, que denigra a imagem ou integridade da pessoa. (Resolução 013/00, CPF)
       
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           Na antiguidade a hipnose era utilizada como forma de cura, não era conhecida ainda como hipnose, mas os procedimentos eram os mesmos. Desde 1.500 a.C. os sacerdotes também induziam um estado de hipnose também com finalidade de cura, conforme presente nos papiros de Ebers. (Bauer, 1998 apud Galvão)
            Passando pela Grécia, com a utilização do sono divino ou terapia onírica, onde as imagens irrompiam a mente do doente, estas que eram interpretadas pelos sacerdotes que davam sugestões hipnóticas de cura. Pelo séc. XVI por Paracelsus, o qual acreditava na influencia dos astros e na influencia magnética das estrelas, a hipnose era cheia de magia, misticismo e religiosidade e havia a indução hipnótica através de danças, cantos e orações. (Carvalho, 1999 apud Galvão)
            No período das experimentações cientificas, nos séculos XVIII e XIX, iniciada por Franz Anton Mesmer, inicialmente com o magnetismo animal e na influencia dos corpos celestes, onde por sua vez o homem também possuía a capacidade de emitir energia, falando sobre o magnetismo humano. Contudo após a chamada Comissão da Sociedade Real de Medicina e da Academia de Ciências de 1784, seu trabalho caiu em descrédito, pois foi-se comprovado que o magnetismo humano não existia e os fenômenos eram apenas conseqüências da imaginação. O que, porém, não fez com que suas teorias deixassem de ser estudadas. Onde James Braid, a partir da observação do trabalho de Mesmer, reformula a teoria e usa pela primeira vez o nome hipnose, retirando do grego Hypnos, símbolo do deus grego do sono, onde esse é o motivo da errada associação da hipnose com o sono. Pois a hipnose é totalmente o oposto do sono, sendo que aquela é a intensa atividade psíquica. Ele utilizava-se da hipnose principalmente como função de anestesia em cirurgias.
            A hipnose por um tempo esquecida foi resgatada na França por Charcot, neurologista renomado que aplicava os estados hipnóticos no tratamento de pacientes histéricos. Onde comparou o transe hipnótico ao processo histérico, o que foi muito aceito no meio cientifico essa relação e até influenciando teóricos da época como S. Freud. (Galvão)
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           A hipnose no Brasil tem crescido muito nos últimos anos em função de vastas pesquisas no campo da Psicologia, Medicina e Odontologia e sua comprovação da eficiência no tratamentos de vários sofrimentos psíquicos.
            Segundo Galvão, sua eficiência no diagnóstico e tratamento de diversos tipos de patologias psiquiátricas, no uso em situações de dores pré, durante e pós-operatórias e também na possibilidade de estudos relacionados ao funcionamento cerebral referentes à memória, aprendizagem e formação de redes neurais. Faz com que cada vez mais a hipnose ganhe espaço em nosso país.
 
-->         Segundo Bayard Galvão, psicólogo clínico, presidente do Instituto de Hipnoterapia Educativa e do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo, “a hipnose são fenômenos do pensamento que ocorrem no cotidiano de maneira geralmente superficiais”, estes intensificados, formas específicas de se pensar algo, e que ocorrem de forma coerente ou não, percebida ou não. E que, segundo o mesmo autos, a hipnose ocorre por conseqüência de quatro aspectos: a intensidade do pensar, as formas de pensar que podem ser induzidas por si ou por outra pessoa, quanto mais se sabe pensar de certa maneira, mais facilmente aprenderá uma nova forma de pensar e que o sistema orgânico do ser que possibilita o pensar.
            Algumas formas específicas do pensar ou hipnose são: a) Relacionados a memória: hipermnésia, regressão de idade, amnésia; b) Distorção da noção de tempo: condensação e expansão; c) Sobre projeto de futuro: pseudo-orientação no futuro e progressão de idade; d) Fatos objetivos organizados por fatos subjetivos: alucinação positiva e negativa, analgesia, anestesia e hiperestesia; e e) Raciocínios específicos em geral e efeitos no corpo: “sugestão” pré e pós hipnótica, escrita automática, catalepsia e dissociação de elementos, entre outros.
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            Introduzida pelo psiquiatra americano Milton Hyland Erickson, essa abordagem visava encontrar a natureza do problema, onde propunha que todo problema é uma tentativa natural de busca pela cura. Onde, se soubermos o caminho que o problema procura, o que esse problema quer dizer, podemos guiá-lo por um caminho melhor, mais seguro e sem conflitos. O trabalho de Erickson é ilustrado por uma história contada por Sofia Bauer em seu site, a qual facilita a compreensão de seu trabalho:

(...)nos arredores da fazendinha onde morava, ele andava a pé com alguns amigos, quando viu um cavalo passando a galope perdido. Ele pegou o cavalo, subiu em cima dele a pêlo e disse aos colegas que o levaria de volta à sua casa. Os colegas duvidaram e perguntaram como ele faria isso, como devolveria o cavalo à fazenda de onde ele viera? Ele respondeu que bastaria mantê-lo na estrada, sem deixá-lo pastar nas gramíneas, que ele voltaria naturalmente. Foi exatamente o que o cavalo fez. Erickson manteve-o em curso e ele mesmo encaminhou-se ao seu verdadeiro destino.
            Ou seja, identificarmos o destino do problema, apenas o conduzimos pelo melhor caminho até ele, com uma terapia sob medida para cada paciente, o que consequentemente torna uma abordagem mais rápida.
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           Há muitas perguntas e mitos sobre esse tema que por vezes se torna místico e carregado de preconceito. Veremos algumas, citadas por GALVÃO:
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           Transe: segundo a Hipnoterapia Educativa, o transe é definido como um pensar intenso e coerente que aumenta seu impacto sobre o corpo, um pensamento intenso, que em conjunto com o “o que pensar” durante esse momento, provoca os fenômenos chamados de hipnose. O pensar intenso sobre o passado, por exemplo, seria a hipermnésia.
            Sugestão: vem do latim “sugerere”, informar, comunicar, logo, apenas um meio para que se alcance o estado de hipnose.
            Relaxamento: pode ser definida como diminuição significativa da atividade corporal ou psíquica. E a hipnose, como visto, é o contrário. Sendo, também, o relaxamento uma forma de se alcançar o pensamento alterado chamado de hipnose.
            Sono: do latim “somnus”, que significa dormir. Um estado de repouso normal, que se caracteriza pelo relaxamento dos sentidos e músculos, diminuição dos ritmos circulatórios e respiratórios. Dessa forma a hipnose não é sono, como erroneamente confundida por haver um relaxamento existente enquanto estando em hipnose.
            Sonho: segundo Rossi (2000), citado por Galvão, existem nove níveis de sonho, onde o indivíduo possui capacidade de controle deste. Onde o transe provocado por si e o sonho, onde a pessoa possui controle do seu percurso, não apresentam diferença em termos processuais.
            A hipnose debilita a mente? Isso não é verdade se considerar o enfraquecimento da mente pelo uso da hipnose, contudo se estiver se referindo ao mau uso da hipnose, sim, ela pode ser muito prejudicial à pessoa exposta.
            O paciente pode ficar preso em hipnose? Considerando que a hipnose é um aumento na atividade cerebral, há um grande gasto de energia psíquica e física, o que produz um cansaço muito grande, onde o paciente não consegue se manter por muito tempo nesse estado. O risco é de que volte pior da hipnose, se o pensamento induzido durante o estado intensificado for mal conduzido.
            Há risco de abuso sexual? Isso poderia ocorrer conforme a má utilização da técnica e da não execução da profissão de forma ética.
            Se o paciente morrer na imaginação, morrerá de verdade? Há a possibilidade, pois há intensificação do pensamento e dependendo do tipo de pensamento o paciente poderá desenvolver uma parada respiratória, o que pode ser letal.
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            Percebe-se que a técnica possibilita um tratamento mais rápido por ser focalizada no conflito, problema do sujeito. Trabalhando, diferentemente do pensado, a causa e a forma de lidar com ela e não somente o sintoma em si, pois assim consequentemente há a cura, com o desaparecimento do sintoma, motivo do sofrimento. E vale lembrar também que a hipnoterapia trabalha a técnica na forma consciente, onde o paciente tem total controle sobre si, diferente da abordagem clássica, a qual possui uma forma de hipnose mais profunda e inconsciente, sendo assim utilizada muitas vezes como forma de entretenimento, ou seja, sensacionalista, logo, fora dos padrões da regulamentação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GALVÃO, Bayard V. Hipnose e Hipnoterapia. Disponível: http://www.hipnoterapia.com.br/hipnose-hipnoterapia.php?id=22. Acesso em: 3 jun. 2010
BAUER, Sofia. Psicoterapia Ericksoniana. Disponível em: http://www.sofiabauer.com.br/. Acesso em: 6 jun. 2010
_______________. Técnicas de Hipnose. Curso de Técnicas de Hipnose Clássica, Dinâmica, Letargia e Auto-Hipnose. Sociedade Brasileira de Hipnose e Hipniatria, 2004.
_______________. Resolução 013/00. Disponível em: http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/legislacao/resolucao/. Acesso em: 3 jun. 2010 




Um comentário:

  1. Britânico se hipnotiza e faz cirurgia sem anestesia.

    http://valdecycarneiro.wordpress.com/2011/03/23/britanico-se-hipnotiza-e-e-operado-sem-anestesia/

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