quinta-feira, 9 de junho de 2011

ABRAHAM MASLOW - Teoria

ZENGO, C. et al.

1 INTRODUÇÃO


Abraham Maslow nasceu em Nova York, em 1908, filho de imigrantes judeus. Seu treinamento inicial não correspondeu a seus interesses futuros, pois ele estudou o comportamento dos primatas na Universidade de Wisconsin, sob orientação de Harry Harlow, que lhe ensinou a importância da metodologia e da observação científicas, e o expos ao trabalho dos antropólogos sociais.
Após concluir seu doutorado, em 1934, voltou para Nova York para ensinar Psicologia no Brooklyn College. Enquanto estava ensinando, Maslow conheceu vários intelectuais que haviam emigrado da Europa, incluindo psicanalistas de renome, incluindo o pioneiro da Gestalt, Max Wertheimer, que o levaram a perceber a importância de enxergar a pessoa como um todo e não como partes isoladas.
Abraham Maslow foi uma das principais figuras do Humanismo, rejeitando as abordagens psicanalíticas e behavioristas, que segundo ele ignoram os aspectos positivos da vida, como a criatividade e o amor.
Descreve uma força motivadora, ”chamada auto-realização” (Kurt Goldstein); que se concentra no potencial do crescimento humano e nas características de indivíduos saudáveis.
No início da década de 1950, ele considerava a psicanálise como a melhor abordagem terapêutica disponível, mas pouco a pouco foi desencantando-se com as influencias Freudianas.
No final da década de 1960, rejeitou o determinismo pessimista de Freud em prol do que ele chamava de terceira Força na Psicologia, sendo a psicanálise e o Behaviorismo as duas primeiras.
É como se Freud nos oferecesse a metade doente da psicologia e nós precisássemos agora preencher a metade saudável.
A metade saudável se tornou o principal foco do trabalho de Maslow os limites do potencial humano, o que definia como auto-realização.
Para Maslow, a psicologia deve fundamentar-se em preocupar-se com o aperfeiçoamento da vida humana, significando uma preocupação com a humanidade.


2 OBJETIVO


Conhecer e identificar os principais aspectos da teoria das necessidades de Maslow.


3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Motivação e Hierarquia das Necessidades

Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), concebe a motivação como algo constante, infinito e complexo que há em todos os seres humanos. À medida que satisfaz um desejo, vem outro ocupar seu lugar. O ser humano está sempre a desejar algo, para Maslow desejar significa ter outros desejos satisfeitos, levando-o a segunda formulação. Os desejos possuem uma ordem de predominância, desta forma o teórico propõe grupos de desejos e impulsos e cria categorias fundamentais classificando de modo abstrato os objetivos humanos. (FLEURY, 2002)
Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), descreveu a motivação em termos de uma hierarquia, que nomeou Hierarquia das Necessidades, com diferentes tipos de necessidades, deste as mais básicas que são aquelas ligadas à sobrevivência, as necessidades fisiológicas de alimento, de ar, de sono etc, sendo satisfeitas essas necessidades outras necessidades serão experimentadas. O segundo nível de necessidade é da segurança relacionada tanto a segurança física (imunidade ao perigo) quanto a psicológica (estabilidade, ordem), sendo satisfeitas essas necessidades começa a concentração nas necessidades relacionadas ao amor e a filiação, para que essa necessidade seja satisfeita requer do sujeito insight para o reconhecimento de que nem todos os relacionamentos são gratificantes. Supondo-se que as necessidades de amor e filiação foram satisfeitas, o próximo seria experimentar a necessidade de estima, sentimento de respeito próprio se sentido competente no que faz.
Para Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), auto realização em um motivo de crescimento, no uso máximo de suas próprias competências, sendo um processo, não um objetivo. Expressa por meio das experiências da vida, do enfrentamento dos desafios e da interação com o mundo em seus diversos aspectos. As necessidades mais elevadas, normalmente não experimentamos antes que as mais básicas sejam satisfeitas.


3.2 Necessidades e Auto-Desenvolvimento


A hierarquia de necessidades foi introduzida por Abraham Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), e se refere a uma pirâmide que representa uma divisão hierárquica a respeito das necessidades humanas. Na base da pirâmide estão as necessidades de nível mais baixo, sendo que, apenas quando satisfeitas escala-se em direção às hierarquias mais altas para atingir a auto-realização que é o nível mais alto.
Abraham Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008) sugeriu que muito do comportamento do ser humano pode ser explicado pelas suas necessidades e pelos seus desejos. Quando uma necessidade, em particular se torna ativa, ela pode ser considerada um estímulo à ação e uma impulsionadora das atividades do indivíduo. Essa necessidade determina o que passa a ser importante para o indivíduo e molda o seu comportamento como tal, portanto, as necessidades se constituem em fontes de motivação.
O comportamento motivado pode ser encarado como uma ação que o indivíduo se obriga a tomar para aliviar a tensão (agradável ou desagradável) gerada pela presença da necessidade ou desejo. A ação é intencionalmente voltada para um objeto ou objetivo que aliviará a tensão interior.
A teoria de Maslow sobre o comportamento motivado, por analogia, poderia ser utilizada para entendermos um pouco melhor os clientes das organizações. Poderíamos dizer que o ato de comprar um produto ou serviço é motivado por uma tensão interna no nosso cliente, gerada por uma necessidade. Após a compra do produto ou serviço, essa tensão é aliviada.

3.2.1 Pirâmide de Maslow

O comportamento humano é explicado através de cinco níveis de necessidades. Estas necessidades são dispostas em ordem hierárquica, desde as mais primárias e imaturas (tendo em vista o tipo de comportamento que estimulam) até as mais civilizadas e maduras.
Na base da pirâmide, encontra-se o grupo de necessidades que Maslow considera ser o mais básico e reflexivo dos interesses fisiológicos e de sobrevivência. Este é o nível das necessidades fisiológicas, que estimulam comportamentos caracterizados pelo verbo ter. As necessidades fisiológicas são bem óbvias e geralmente, se referem a requisitos para a sobrevivência do indivíduo ou da sua espécie como alimentação (água e comida), respiração, reprodução, rescanso, abrigo, vestimenta e homeostase.
As necessidades de segurança referem-se à estabilidade ou manutenção do que se tem. Segurança física pessoal, segurança financeira, saúde e bem-estar e rede de proteção contra imprevistos.
Depois que as necessidades fisiológicas e de segurança são atendidas, a terceira camada da pirâmide fala de das necessidades de associação, que se referem às necessidades do indivíduo em termos sociais.
As necessidades de associação incluem aspectos que envolvem relacionamentos baseados na emoção, pois seres humanos precisam sentir-se aceitos e fazendo parte de algo como amizade, intimidade (amigos íntimos, mentores, confidentes), convivência social (círculos de convivência variados), família e organizações (clubes, entidades de classe, torcidas, gangues).
A ausência destes elementos torna as pessoas suscetíveis à solidão, ansiedade e depressão. Muitas vezes a necessidade destes elementos pode, através da pressão dos pares (peer pressure), sobrepor às necessidades psicológicas e de segurança. Um exemplo disse seria alguém que se expõe de maneira perigosa financeiramente, buscando justamente a aprovação afetiva de seus pares.
Após alcançar as necessidades fisiológicas, de segurança e de associação, o ser humano passa a perseguir a necessidade de estima, ou de ser respeitado em busca de auto-estima e auto-respeito. A estima é um desejo humano de ser aceito e valorizado por si e pelos outros. Note que neste caso não é apenas a busca de uma aceitação de um grupo e sim do reconhecimento pessoal e do grupo da sua contribuição e importância dentro dele. Quando não se consegue atingir esta necessidade, aparece a baixa estima e o complexo de inferioridade.
Este é o último patamar da pirâmide de necessidades e as pessoas para terem esta motivação é necessário que as outras tenham sido satisfeitas. Esta necessidade se refere à motivação para realizar o potencial máximo do ser, ou seja, o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades. Este pode ser considerado a motivação maior e a única verdadeiramente satisfatória para a natureza humana.

3.3 Auto-realização e Experiências Culminantes

Kurt Goldstein observou que a auto-realização ao invés de trazer tranquilidade aumenta a tensão, onde procuramos atingir uma nova meta, havendo uma necessidade, Maslow(1970, apud GLASSMANN, 2008), estimou que 1% das pessoas já experimenta a necessidade, onde essas pessoas podem alterar as suas percepções que o individuo tem do mundo e a maneira como se relaciona com os outros.
Para entender mais esse tipo de experiência Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), foi discutir as experiências culminantes, que são momentos que nos sentimos vivos, um exemplo é quando o pai e a mãe vêem seu filho recém-nascido, onde proporciona um real significado de ser auto-realizado, sendo momento de intensa alegria.
As experiências culminantes são percebidas como momentos de insight no potencial da vida, são inesperadas e curtas. Ocorre uma forma mais duradoura de consciência aumentada para Maslow chamou de experiência de platô, que é um estado de consciência mais duradouro, porém menos intenso, do que uma experiência culminante.
A transcendência das percepções comuns que ocorrem em experiências culminantes e de platô nem sempre faz parte da auto-realização. Todos os três conceitos enfatizam a sensação de viver o mais plenamente possível, mas algumas pessoas parecem viver vidas produtivas, auto-realizadas, sem jamais experimentar a mudança de consciência característica das experiências culminantes e platô.


3.4 Conceito de Crescimento Saudável de Maslow


Para Maslow (1970), a auto-realização está relacionada ao uso dos próprios talentos e habilidades, sob a concepção do objetivo do crescimento e do desenvolvimento. Para isso, estudou a vida de alguns famosos considerada por ele como auto-realizados na vida pessoal e profissional.
Baseado em seu interesse na psicologia de pessoas saudáveis e na idéia de que indivíduos de destaque são indicadores de pessoas que satisfazem seu próprio potencial. Buscou características comuns em 18 indivíduos, propondo uma lista de características de pessoas auto-realizadas, que na verdade eram ideais que jamais ninguém conseguiria atingir plenamente, comentando que nenhum ser humano como perfeito. Considerou um ideal como um conceito estático e que a auto-realização não o era, sendo um processo ao qual não se tem um fim, não sendo possível exibir todas as características a um mesmo tempo, essa pesquisa foi considerada por ele mesmo como tendenciosa, pois em sua amostra selecionou pessoas que apresentavam traços semelhantes entre eles. Buscou então acreditar que as características encontradas e os valores a elas atribuídos tinham origem na natureza humana. Reconhecendo que os indivíduos tinham diferiam em si de muitas maneiras, o que afeta em suas ações e valores. Se confundindo ao mesmo tempo reconheceu essa variabilidade entre os indivíduos.
Por hora, Maslow (1970), parecia entender que a natureza da auto-realização não estava ligada a cultura, propondo que a resistência às influências culturais é característico de sujeitos auto-realizados. Sua teoria pode ser questionada de várias formas, a exemplo era de que sua definição fosse representada por seus próprios valores, então busca encontrar pontos comuns entre culturas para certas características e valores.
Fatores de satisfação podem ser universais, não se tem uma definição de universalidade das abordagens, suas teorias são consideradas inspiradoras e apoiadas na analise das necessidades humanas fundamentais, incorporando elementos de tórias psicodinâmicas, como Freud (necessidades fisiológicas), Horney (segurança e amor) e Adler (estima) acrescentando Maslow à auto-realização, deslocando da patologia para o crescimento.
Assim devendo o sujeito superar todas as necessidades inferiores para chegar a auto-realização, sendo as necessidades inferiores baseadas então na psicodinâmica. Porém alguns elementos distintos que acrescenta como a capacidade de adaptação na satisfação de nossas necessidades, a ênfase na auto-realização revelam sua faceta humanista.


3.5 A Cultura e os Conceitos do Self

Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), visa à transcendência como um aspecto possível de auto-relização, para ele o “self” pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes, apesar de que milhões de pessoas em todo planeta estão seguindo as tradições, não se pode simplesmente rejeitar a relevância desse conceito de comportamento, ou seja, o self menor é o ego do qual somos conscientes, nossa consciência do dia-a-dia, que inclui nossos sentimentos, nossas atitudes e nossos comportamentos e o self maior de nos identificarmos com o Todo Cósmico de acordo com o Budismo Mahayana.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS



Abraham Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), foi uma das principais figuras da abordagem humanista, rejeitando as abordagens psicanalíticas e behavioristas. Acreditava que há uma força interna que direciona o desenvolvimento humano rumo ao seu potencial mais elevado.
Em sua teoria, existe uma descrição das necessidades humanas básicas, que ele via como organizadas em uma estrutura hierárquica, estabelecendo que as necessidades mais básicas devam ser satisfeitas antes das necessidades mais elevadas tornarem-se mais importantes. Essas necessidades eram consideradas por ele, parte importante do desenvolvimento, por afetarem todos os aspectos de nossas vidas, incluindo nossas percepções.
Maslow (1970, apud GLASSMANN, 2008), sugeriu que quando as necessidades de deficiência são dominantes, tendemos a enxergar o mundo em termos dos objetos que podem satisfazer tais necessidades. Do mesmo modo as frustrações que experimentamos dependem de quais necessidades são dominantes.
A relação das necessidades do indivíduo com o ambiente, também é um fator importante no entendimento do comportamento humano. O amor e a estima são vistos como secundários, e o crescimento pessoal, quase ignorado. Como consequência, temos sido condicionados a interpretar o comportamento dos outros através das necessidades inferiores.
A auto-realização é pouco experimentada, mas para aqueles que a experimentaram, ela pode alterar profundamente as percepções que o indivíduo tem do mundo e amaneira como se relaciona com os outros.
Enfim, para haver um crescimento saudável, a auto-realização refere-se a fazer pleno uso do próprio talento e habilidades, tendo-se uma concepção do objetivo do crescimento e desenvolvimento.
Cada indivíduo exibe características mais fortemente que os outros, não havendo perfeição. O ser humano está sempre em busca da auto-realização, pois ela não é estática, faz parte do desenvolvimento humano, independente da cultura, tornando a abordagem claramente humanista, sobrevivendo até hoje.


5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFCIAS

FLEURY, M.T.L (Org). As pessoas na Organização. Ed Gente. São Paulo, 2002.

GLASSMANN, W.E. HADAD, M. Psicologia: Abordagens Atuais. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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