segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PSICANÁLISE LACANIANA

Neste texto está presente um resumo, meu em colaboração do colega Osvaldo Oliveira, da palestra expositiva organizada e ministrada pelas professoras e psicólogas Carla Cristina Valota Esteves e Janaina Bianchi, no dia 24 de novembro do ano de 2010. Com o objetivo de melhor esclarecer a Psicanálise Lacaniana, e, de certa forma, para a retirada de alguns preconceitos para com essa teoria.

Para tanto, tomemos o exemplo citado pela professora e psicóloga Janaina Bianchi quando menciona uma frase de Jacques Lacan que, perante entrevista, afirma que não é lacaniano, como alguns ditos seguidores, mas sim freudiano.

A palestra teve seu início com alguns conceitos como:
·        Outro: o Outro com o “O” maiúsculo, representando para a teoria em questão o Outro significativo, de grande importância na vida do sujeito, sendo assim, chamado de grande Outro.
·        outro: com “o” minúsculo, são todos os outros que coexistem com o sujeito, mas que não possuem significativa importância, dito como o “pequeno outro”.
·        Significante: palavras que constituem o Inconsciente, este que, para Lacan, é visto como Linguagem. Os significantes carregam em si os seus significados.
·        Complexo de castração: momento onde a criança se depara com a diferença de sexo. Com a falta do pênis na menina e a presença do mesmo no menino. Fala exemplificadora de cada sexo: menino pensa, ao passar pelo complexo de castração: “Tenho o que o Outro (neste caso, na maioria das vezes, a mãe) ou outro não tem, vão tirar o meu”; menina pensa, no mesmo caso: “Não tenho o que o Outro (geralmente o pai ou quem faz representação do mesmo) o outro tem; logo, é culpa da minha mãe, que também não tem.”
Comentado a terrível percepção em perceber que o Outro (mãe) não tem o pênis, logo ela que tem tudo, tem o seio para alimentar e que sabe de tudo, contudo mesmo assim há a falta. E também a correlação entre Complexo de Castração e de Édipo entre menino e menina: enquanto o menino sai do Complexo de Édipo em função do Complexo de Castração e menina entra no Complexo de Édipo por causa do Complexo de Castração. Isso porque o menino tem o medo de perder o seu, por ficar ao lado da mãe, esta que não tem, enquanto a menina, ao perceber que a mãe seria a culpada por ela também não ter, por essa falta, se aproxima do pai.

A palestra teve como conteúdo também as definições de estruturas de personalidades, estas, tidas como a forma de o indivíduo lidar com a castração (a falta)
.
Neurótica, Estrutura de Personalidade: Possui como mecanismo de defesa estruturante o Recalque, fusão quebrada entre mãe-bebe pela entrada de um terceiro na relação (Nome do P ai, Lei), e é dividida em dois tipos, a neurose histérica e a obsessiva. A Neurose Histérica, ainda dividida em histérica de conversão (“dor aqui, dor ali”) e histérica de angústia (pânico, por exemplo), tem como características gerais e sintetizadas de possuir a questão: “Sou Homem ou Mulher?”, e seus sintomas são percebidos no corpo. Ela possui um desejo, em função da castração (falta), tal desejo representado por meio de demandas e que ao longo do tempo se torna um desejo de não querer satisfazê-lo ou o desejo de sentir falta, de não estar satisfeito. A Neurose Obsessiva possui para si a questão: “Estou morto ou vivo?”, e seus sintomas, diferente da histeria, são percebido no campo dos pensamentos. Se faz de escravo para prender, de certa forma, seu mestre, pois sabe que o mestre não existe sem o servo e assim, de uma forma ou de outra, encontra um meio para satisfazer seu desejo.
Psicótica, Estrutura de Personalidade: personalidade que possui uma certeza absoluta sobre os fatos, o que vê é real para si, o que pensa é real, subdividida em melancolia, paranóia e esquizofrenia, sendo esta última mais comum. A estrutura psicótica possui a defesa estruturante de Recusa (Freud) ou Foraclusão (Lacan). Tal estrutura é formada a partir da ligação que não é quebrada com a entrada de um terceiro, pois o sujeito está pré-edipcamente ligado em relação simbiótica com a mãe. Sendo assim o sujeito passa como um “trator” por cima da Lei, da regra, do Nome do Pai. A causa de tal situação ainda é indefinida, podendo estar ligado ou a mãe ou a criança ou ao terceiro ou ainda aos três. A estrutura psicótica poderá sofrer descompensassão, tendo-a assim por meio de um surto psicótico, ou não. O que fará com que haja ou não um surto em uma pessoa com estrutura psicótica será o momento em que ela se sentir chamada a assumir uma posição de lei, aquela que negou há tempos.
Um psicótico poderá ou não sofrer um surto ao longo de sua vida, tudo depende da subjetividade de cada um. O que cada situação representa a si próprio no momento de seu acontecimento. Mencionou como exemplo de Psicose conhecida, o caso Schreber, que pensava estar se transformando, aos poucos, em mulher para atender ao desejo de Deus, que desceria à Terra pra ter com ele relação e assim começar a repovoar o planeta. Memórias estudado por Freud. Mais informações em:
Perversão, Estrutura de Personalidade: seus sintomas são direcionados à sexualidade, essa personalidade é caracterizada pela falta de limites em absolutamente tudo o que esteja sendo tratado até mesmo justificando o mecanismo de defesa estruturante, o desmentido. Tal sujeito, quando há a entrada de um terceiro na relação mãe-bebê, finge que não existe esta entrada, tapa com um véu aquela situação. Assim, bem como naquele período, o sujeito traz consigo a característica de “saber, mas não fazer”, ou seja, sabe que é errado, mas finge que não sabe e faz assim mesmo. Tal estrutura é menos vista, tanto por ser mais rara do que as duas anteriores quanto porque chega dificilmente à clínica, por não terem, para consigo, conflitos. Se não há lei, não há erro, faz o que deseja, não há problemas a se relatar.

A palestra, nos minutos restantes, ainda abordou, rapidamente, como seria estruturada a clínica lacaniana. Alguns aspectos como a entrevista inicial com o objetivo de determinar principalmente a hipótese diagnóstica. E a importância disto foi ressaltada lembrando que um pré-psicótico não deve freqüentar a terapia, pois esta será o meio pelo qual ‘alcançará’ o surto. O divã, como instrumento inserido na terapia por Freud e que passará a ser utilizado em clínica somente após a entrada do paciente em terapia, uma forma de contato consigo mesmo, da não inibição diante do terapeuta em contar algum caso mais intimo. A questão do tempo da terapia recebeu importante atenção na fala da professora e psicóloga Carla Valota em ressaltar que na terapia lacaniana não se utiliza relógio, o tempo do paciente é o utilizado. O dinheiro, como o analisando trabalha essa questão. Pois o dinheiro na Psicanálise representa o investimento libidinal, mas não deve ser a META do analista. “O Analista não deve lidar com o dinheiro de forma hipócrita.” (FREUD)

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