sábado, 7 de maio de 2011

MECANISMOS DE DEFESA - RESUMO

OLIVEIRA, Osvaldo et al.

MECANISMOS DE DEFESA - RESUMO

3.0 QUADRO SINÓTICO

3.1 Defesas Primitivas

3.1.1 Repressão ou recalque

Em princípio, a repressão é definida como método de defesa usado pela mente humana para evitar que a consciência tenha acesso às representações desconfortáveis, ligadas ou não à pulsão frente às exigências do próprio ego. O ego se organiza em face de o perigo de perder o controle e fazer uma loucura. Também pelos medos: o medo menor de ser julgado, condenado e punido e o medo maior, de ser aniquilado. Assim, esse mecanismo de defesa controla a pulsão, organiza o ego e assegura o amor do objeto (ALMEIDA, 1996).

De acordo com Glassman e Hadad (2008, p. 251):

A repressão é definida como o bloqueio das pulsões do id no nível do inconsciente, é o mais primitivo de todos os mecanismos de defesa [...] a dificuldade básica é que ela não consegue resolver as exigências que conduzem a seu uso, porque não ocorre nenhuma gratificação.
Pior ainda, pode requerer quantidades significativas de energia mental para manter o bloqueio contra as crescentes pressões por gratificação [...] a repressão pode também produzir distorções da realidade, como quando são bloqueadas as lembranças que poderiam desencadear o escoamento de conflitos básicos para a consciência consciente.

3.1.3 Projeção

A projeção faz parte da dinâmica relacional, pois para ela existir tem que existir o outro, a quem um primeiro sujeito atribui qualidades semelhantes às de seu mundo interior. O sujeito projeta o que nega em si próprio, em função do desconforto psíquico e da ansiedade gerada, no plano inconsciente, atribuindo ao outro, qualidades, sentimentos ou desejos que seriam originalmente seus (ALMEIDA, 1996).

De acordo com Freud (2006), o efeito do mecanismo de projeção busca romper a ligação entre os representantes ideativos das moções pulsionais perigosas e o ego, impedindo que seja percebido deslocando para o mundo externo.

3.1.4 Dissociação

Dentro da hierarquia dos mecanismos de defesa, enquadra-se como a dissociação como uma das defesas primitivas. Gabbard (2005, p. 38) assim o descreve:

Interromper o senso pessoal de continuidade nas áreas de identidade, memória, consciência ou percepção como modo de preservar uma ilusão de controle psicológico diante do desamparo e perda de controle. Ainda que semelhante à cisão, a dissociação pode em casos extremos envolver alteração de memória de eventos devido à desvinculação do self no evento.

3.1.11 Negação

Gabbard (2005, p. 38)
O mecanismo de defesa denominado “negação” tem como origem a repressão; ou seja, as imagens têm acesso à consciência de modo parcial, contudo, são negadas, sendo temporariamente removidas ou reprimidas. A negação da realidade, adiamento de compromissos, recusa a enfrentamentos desagradáveis, doenças imaginárias, criam falsas situações para evitar a realidade neste mecanismo de defesa (ALMEIDA, 1996).


3.1.7 Regressão

Manifesta-se a regressão quando o Ego não aceita reconhecer um impulso inaceitável do Id e o atribui à outra pessoa. É o caso do menino que gostaria de roubar frutas do vizinho sem, entretanto, ter coragem para tanto, e diz que soube que um menino, na mesma rua, esteve tentando pular o muro do vizinho (FENICHEL, 2000).

Ainda, de acordo com o autor, é um termo utilizado num sentido muito geral em neurofisiologia e em Psicologia, para designar a operação pela qual um fato neurológico ou psicológico é deslocado e localizado no exterior, quer passando do centro para a periferia, quer do sujeito para o objeto.

3.2 DEFESAS DE NÍVEL SUPERIOR (Neuróticas)

3.2.1 Identificação

A identificação envolve a incorporação de características de um objeto da pulsão no ego da própria pessoa (GLASSMAN, HADAD, 2008).
Conforme Almeida (2006), a identificação pode ser estudada em dois vieses: O da estimulação do psiquismo humano, e o da atividade defensiva do ego. O primeiro permite a humanização do sujeito, seu crescimento afetivo, intelectual, social e espiritual. O indivíduo toma outra pessoa como modelo e assimila dela um aspecto, permitindo-se uma transformação total ou parcial. No segundo, o indivíduo agredido identifica-se com o agressor a ponto de assumir, não só a sua ideologia ou atitude agressiva, mas também o seu compromisso social, conceitos morais, simbolismo e postura física.

3.2.2 Deslocamento

De acordo com Fenichel (2000), deslocamento é um processo psíquico pelo qual o todo é representado por uma parte ou vice-versa. Também pode ser uma idéia representada por outra, que, emocionalmente, esteja associada a ela. Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. É o caso de alguém que, tendo tido uma experiência desagradável com um policial, reaja desdenhosamente, em relação a todos os policiais.
É muito corrente nos sonhos, onde uma coisa representa outra. Também se manifesta na Transferência, fazendo com que o indivíduo apresente sentimentos em relação a uma pessoa que, na verdade, lhe representa outra pessoa do seu passado (FENICHEL, 2000).

3.2.3 Formação Reativa

Consoante Gabbard (2005, p. 38), a formação reativa enquadra-se dentre os mecanismos de defesa de nível superior ou defesas neuróticas, com a seguinte descrição: “Transformar um desejo ou impulso em seu oposto.”

3.2.4 Racionalização

De acordo com Almeida (1996), é o mecanismo de defesa que compreende uma necessidade psíquica que motiva o organismo em direção à meta ser alcançada, pode ocorrer um desejo oriundo do anseio de querer da cobiça consciente, ou de desejos mais primitivos, inconscientes relacionados à pulsão sexual.
Quando ocorre um conflito que causa ameaça à psiqué, surge este mecanismo de defesa com a finalidade de recobrar o equilíbrio; de maneira inconsciente, o mecanismo seleciona as escolhas, intelectualizando cada uma delas (ALMEIDA, 1996) .
É importante não confundir racionalização com pensamento racional, pelo fato de que o pensamento racional leva a razões boas e justas, enquanto a racionalização quer alcançar boas razões para explicar os comportamentos, (ALMEIDA, 1996).

3.3 Mecanismos maduros
3.3.1 Renúncia Altruística

Arrolada por Gabbard (2005, p. 39), como um dos mecanismos maduros, renúncia altruística ou simplesmente altruísmo, consiste em “Comprometer-se com as necessidades dos outros mais do que com as próprias. O comportamento altruísta pode ser utilizado a serviço de problemas narcisistas, mas pode também ser fonte de grandes realizações e contribuições à sociedade.”

3.3.2. Sublimação

De acordo com Fenichel (2000), Sublimação é o mais eficaz dos mecanismos de defesa, na medida em que canaliza os impulsos libidinais para uma postura socialmente útil e aceitável.
Ainda, conforme o autor, as defesas bem sucedidas podem colocar-se sob o título de sublimação, expressão que não designa mecanismo específico; vários mecanismos podem usar-se nas defesas bem sucedidas; por exemplo, a transformação da passividade em atividade; o rodeio em volta do assunto, a inversão de certo objetivo no objetivo oposto. O fator comum está em que, sob a influência do ego, a finalidade ou o objeto (ou um e outro) se transforma, sem bloquear a descarga adequada.
Na sublimação, cessa o impulso original pelo fato de que a respectiva energia é retirada em benefício da catexia do seu substituto. Nas outras defesas, a libido do impulso original é contida por uma contracatexia elevada (FENICHEL, 2000).

3.4 Não classificados

3.4.1 Simbolização

O mecanismo de defesa da simbolização é a capacidade do Ego de usar símbolos que traduzam suas forças afetivas inconscientes, podendo ser símbolos universais, como por exemplo, folclore, lendas, mitos entre outros (ALMEIDA, 1996).

3.4.2 Anulação

Ações que contestam ou desfazem um dano que o indivíduo imagina que pode ser causado por seus desejos (THOMAZ, 2005).

3.4,3 Conversão

Consiste em uma transposição de um conflito psíquico e uma tentativa de resolução desse conflito por meio de expressões somáticas (THOMAZ, 2005).


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, W. C. Defesas do Ego: leitura didática de seus mecanismos. São Paulo: Ágora, 1996.

GABBARD, Glen O. Psicoterapia Psicodinâmica de Longo Prazo: texto básico. Porto Alegre: Artmed, 2005.

GLASSMAN, W. E. HADAD, M. Psicologia? Abordagens atuais. 4 ed. Porto Alegre? Artmed, 2008.

FREUD, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre Artmed, 2006.

FENICHEL, O. Teoria Psicanalítica das Neuroses. Atheneu.2000

THOMAZ, R. Mecanismo de defesa. Disponível em: http://www.medicinageriatrica.com.br/tag/sublimacao. Acesso em: 29 mai. 2011.

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