quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Melanie Klein e Winnicott


Teve muitas perdas em sua vida. Perdeu o irmão aos 4 anos de idade, aos 18 perdeu o pai e aos 21 o irmão. Conhece a psicanálise aos 35 anos apenas. Se casa com um engenheiro químico e muda-se para Budapeste. Conhece a obra de Freud e inicia terapia com Ferenczi por um ano e meio. Até então, tinha crises depressivas, relações conturbadas e sumiços. Ferenczi sugere que ela atenda crianças. Seu primeiro paciente é o próprio filho a quem ela se refere como Fritz (seu nome era de fato Erik). Ele tinha 7 anos e dificuldades de aprendizado por razões emocionais. Muda para Berlim e passa a fazer análise com Karl Abraham, que morre em seguida. Klein se isola e cria uma inimiga, Helgh Hellmuth.
É convidada a permanecer em Londres depois de uma palestra em que tratou de Fritz. Com a vinda de Freud para Londres, cria-se dois grupos: o de Klein, onde a criança pode ser analisada desde muito cedo, no mesmo modo dos adultos (transferência, inconsciente, etc) e o grupo de Anna Freud que afirmava não haver transferência antes da resolução Edipiana.

Klein usava brincadeiras para acessar o inconsciente infantil. Associação livre a partir dos 2,5 anos.

A teoria de Anna Freud dá origem à Teoria do Ego (Americana) que visa a adaptação.
A teoria de Klein diz respeito a duas pulsões: de vida (gratidão) e de morte (inveja).


Enquanto Freud falava de fases de desenvolvimento da libido, Klein falava das posições de desenvolvimento da libido.

Posição – conceito que diz respeito a:

- ego, objeto, ansiedade e defesas

Posição Esquizo-Paranóide (0-5/6 mês)

- bebê faz distinção entre bom e mau.
- Ansiedade de natureza paranóide. Persecutória.
- Objetos parciais: mãe ora é boa, ora é má.

O ego já está presente no início da vida, para Klein. É um ego primitivo, arcaico. O mecanismo de defesa da criança nessa fase é (uma idéia de) onipotência, introjeção, idealização, negação, cisão e projeção.

A cisão é necessária nesta fase, mas se severa, gera o esquizofrênico.

No 5o mês o bebê se intera que ele é um só. Que a mãe é uma só também. Aí consolida-se o ego.

Posição Depressiva

- ego integrado
- objeto total (que ama e também odeia)
- culpa (é preciso reparar o estrago)
- surgimento da ambivalência
- se intera que é um ser separado da mãe
- defesa: mania, impotência, melancolia
- aqui se dá o início do Complexo de Édipo quando a criança se dá conta que é excluída

p. 282 – o objeto bom passa a fazer parte do bebê. O bebê tem uma consciência inata da existência da mãe.
p. 284 – a introjeção traz tudo para dentro de si (da criança)
p. 288 – a voracidade ligada à introjeção. A inveja também ligada a introjeção (“mamãe não me dá o peito porque ela não quer).



Obs – Klein organizou primeiro a posição depressiva depois a esquizo-paranóide

Klein afirma que o primórdio do Superego também se estabelece na primeira infância., na posição esquizo-paranóide. Seria então anterior ao complexo de Édipo (contrário a teoria de Freud). Para Klein o complexo de Édipo se dá no desmame.

Impulsos sádicos-orais: expressados por meio de agressões. Ao introduzir outros alimentos que não o seio, a criança sente a privação como agressão. Ela então fantasia com agressões de destruição.

Impulsos sádicos-anais: a criança defeca e flatula como resposta agressiva para o controle do esfíncter.

A mãe traz todo o universo do bebê: ela é o pênis do bebê. Na posição depressiva porém, o pai e a mãe se juntam contra o bebê: pais combinados. Qualquer desconforto, o bebê se sente ameaçado e contra-ataca com suas armas, fezes e flatulência (vulgo pum, peido, gases...que na classe tem muito).

Durante nossas vidas, sempre buscamos voltar àquela UNIDADE iniciada no útero e prolongada pela fase esquizo-paranóide até os 6 meses. Nesta primeira fase, esta unidade tem momentos de cisão, até que na depressiva este rompimento é definitivo e causa um sentimento de culpa no bebê.

As meninas invejam o pênis do pai. Os meninos invejam o útero materno (por gerar vida).

Fase da feminilidade: fase sádico-anal. Desenvolvimento de sentimento pelas fezes. Começa o controle do esfíncter e para de usar fraldas.

Freud: castração como temor de perder o órgão sexual
Klein: castração como impotência, sensação de ser posto de lado, de não conhecimento. “A mãe é o castrador”

Meninas e meninos: primeiro objeto de amor é a mãe. Meninas se dão conta que a mãe não tem o pênis e se vira ao pai que também as rejeitam. Volta de novo à mãe.

Luto

Freud distinguiu luto de quadro melancólico. Na melancolia, existe a auto-acusação e a punição imposta ao sujeito.

Klein (posição depressiva) diz que o bebê se intera da separação da mãe, portanto o luto se refere à posição depressiva (todos os lutos).

O quadro maníaco pode ser desenvolvido após um luto. É um mecanismo maníaco-depressivo para não elaborar o luto. A elaboração do luto visa a libertar o investimento do objeto agora ausente. É o desligamento da libido a ele.

A criança passa por estágios de luto parecido com os adultos.
Luto arcaico – luto pela perda do seio.
A busca pelo parceiro é uma tentativa de preencher este vazio primeiro, este luto primário.

Relação entre luto adulto e posição depressiva:

- o objeto que desperta o luto é o seio da mãe. A mãe se torna atacada
- o Édipo começa a se organizar aqui.
- Bebê ataca o seio por meio de agressões.
- Sentimento de culpa e perda
- Preocupação e pesar pelos objetos bons.

Objetos internos: construímos pelas experiências de fora, nosso mundo interno. Isto se dá por meios de fantasias permeadas (e inconscientes). Ao internaliza-las se tornam inacessíveis conscientemente pela criança.

A idéia de neurose na infância: crianças desenvolvem as fobias (escuro, barulho) para se defender do externo. É parte do desenvolvimento infantil.

Ao surgir a posição depressiva, o ego cria instrumentos para lidar com o desejo pelo objeto externo. Mecanismos maníacos. Ansiedade depressiva: medo do ego ser destruído.

O bebê idealiza um seio superpoderoso. Esta idealização também esta ligada à negação. A negação de que este seio não é seu.

Objetivo do luto: reinstalar o objeto de luto perdido dentro do ego.

Donalds Woods Winnicott

Eleito duas vezes presidente da sociedade Britânica de psicanálise. Fundador do Middle Group.

Segundo ele, trazemos o potencial para o desenvolvimento em nós. Se vai germinar e crescer (ou como isso vai ocorrer) depende do ambiente. Temos uma dependência absoluta, ou seja, se não houver quem cuide de nós, morremos. Caminhamos assim da dependência para a independência.

Dependência relativa: emocionalmente, dependemos dos outros.

Mãe suficientemente boa: não perfeita, mas que é capaz de oferecer holding (suporte, sustentação) e handling (manejo) que são as rotinas necessárias para o bebê organizar seu mundo. Isso se dá ao apresentar a mamadeira (apresentação do objeto) até que surja a necessidade deste objeto.

Estado de preocupação materna primária: capacidade materna de identificar as necessidades do bebê e oferecer o que ele necessita. Não é um estado consciente. A mãe oferece o que recebeu quando bebê.

Para Winnicott, tanto o ódio quanto a agressividade faz parte da pulsão de vida. Não há pulsão de morte.

Objeto transacional

Brinquedos, objetos que a criança leva para todo lugar. É um objeto que ela escolhe e que representa a transição de dependência absoluta para a relativa e depois total. A criança quando acha outras fontes de amor, vai deixando este objeto de lado. É uma ponte do mundo interno para o externo.

Noção de falso SELF

Algumas pessoas são impedidas de entrar em contato com seu SELF verdadeiro, desenvolvendo assim um falso. A pessoa não entra em contato com seu potencial inato (filme ZELIG, Woody Allen)
O analista para Winnicott deve funcionar como a mãe suficientemente boa.
Escolhemos nossos objetos de 2 maneiras:

- escolha narcísica: por identidade, onde o outro cresce e eu não.
- Escolha nacrítica: por apoio
Pulsões sexuais X pulsões de auto-conservação: no inicio esses dois se somam resultando a pulsão de vida. A pulsão sexual se apóia na pulsão de auto-conservação ao buscar o alimento no peito.

 Posição esquizoparanóide

Definição:
Termo introduzido por Melanie Klein para indicar um ponto no desenvolvimento de relações objetais antes de o bebê haver reconhecido que as imagens da mãe boa e da mãe má, com as quais esteve relacionado, se referem à mesma pessoa.  Conquanto a posição esquizoparanóide seja contrasta­da com a posição depressiva (em que são curadas rupturas na perso­nalidade e no objeto), também existe um movimento oscilatório entre os dois e, na vida adulta, normalmente se pode encontrar uma evi­dência de ambas as posições.
No esquema de desenvolvimento, a posição esquizoparanóide ocorre não importa qual tenha sido o estado de identidade primária que possa ter existido. O "split", ou divisão, a característica da posição esquizoparanóide, não é a mesma coisa que uma "desintegração" do self primário. Nesta última, as várias divisões trazem consigo uma exigência de totalidade e tendem a atuar em direção a uma intensificação da personalidade.
A qualidade da angústia nessa circunstância é paranóide (isto é, o medo do bebê, talvez, de perseguição e ataque). Seu meio de defesa é separar de si o objeto (isto é, uma manobra esquizóide). O bebê divide a imagem da mãe de modo a ficar com as boas e controlar as más versões dela. Também se fende dentro de si pró­prio em virtude da intensa ansiedade causada pela presença de sen­timentos aparentemente irreconciliáveis de amor e ódio. Sugeriu-se que a capacidade de resistir a essa divisão é um requisito prévio para qualquer síntese posterior de opostos. Porém, como enfa­tizava Jung, em primeiro lugar estes devem ser diferenciados; isto é, separados um do outro.
A posição esquizoparanóide reflete um estilo de consciência que Jung designava por "heróico", pelo fato de que o bebê tende a se comportar de uma maneira superiormente determinada e orientada para o objetivo.

Resumo feito por Marcia Marchezan a partir de textos retirados da Web.



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